Laços de família
Autora: Clarice Lispector (1920 - 1977), escritora brasileira.
Gênero: Prosa
Ano: 1960

Livro formado por treze contos, alguns dos quais já haviam sido publicados previamente, que têm como temática comum a vida cotidiana e que às vezes parecem dialogar entre si. Em suas páginas, os personagens vivem certas revelações em cenas aparentemente corriqueiras - essa profundidade existencial que Clarice sempre consegue traduzir em palavras.
Alguns trechos do livro
“O que chamava de crise viera afinal. E sua marca era o prazer intenso com que olhava agora as coisas, sofrendo espantada.” (p. 34)
“De onde vinha o meio sonho pelo qual estava rodeada? Como por um zunido de abelhas e aves. Tudo era estranho, suave demais, grande demais.” (p. 35)
“As rosas haviam deixado um lugar sem poeira e sem sono dentro dela.” (p. 65).
“Tira-se de uma mesa limpa um objeto e pela mais limpa que ficou então se vê que ao redor havia poeira.”
“Como se fosse para tirar o retrato daquele instante, ele manteve ainda o mesmo rosto isento, como se o fotógrafo lhe pedisse apenas um rosto e não a alma.” (p. 69)
“Com um punho fechado sobre a mesa, nunca mais ela seria apenas o que ela pensasse. Sua aparência final a ultrapassara e, superando-a, se agigantava serena.” (p. 82)
“Todos sentindo obscuramente que na despedida se poderia talvez, agora sem perigo de compromisso, ser bom e dizer aquela palavra a mais – que palavra? Eles não sabiam propriamente, e olhavam-se sorrindo, mudos. Era um instante que pedia para ser vivo. Mas que era morto.” (p. 85)