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Tomar a vida nas próprias mãos

Autora: Gudrun Burkhard (1929 -      ), médica brasileira.

Gênero: Antroposofia

Ano: 2000

Na faculdade de psicologia estudei as fases do desenvolvimento humano, mas a maior parte do conteúdo oferecido foi acerca do desenvolvimento neuromotor. Anos depois de formada, eu andava me sentindo um pouco perdida na vida e uma grande amiga me indicou este livro. Quando vi do que ser tratava decidi escrever uma pequena autobiografia antes de ler, para "testar" se as fases que a autora descreveria se encaixariam nas fases que eu tinha vivido (posteriormente elaborei o que chamei de "Linha da vida").   

Em primeiro lugar, sempre tive curiosidade em conhecer mais sobre a antroposofia e este livro foi uma ótima oportunidade para entrar em contato com esta filosofia de vida. Achei interessante porque eles consideram o ser humano em três instâncias (física, psicológica e espiritual) e, consequentemente, as fases da vida são descritas considerando as mudanças sofridas nestas três instâncias. 

Em segundo lugar, sempre fui um pouco avessa às generalizações, normatizações e padronizações, preferindo pensar mais nas particularidades de cada um do que naquilo que podemos ter em comum. Porém, foi interessante ver que muitas coisas pelas quais eu passei se encaixavam perfeitamente nas fases descritas no livro.

 

Acredito que a maior contribuição que obtive com a leitura foi entender que nada acontece por acaso e que, se tomarmos um pouco de distância, podemos perceber a linha que une os diversos eventos de nossas vidas.

Alguns trechos do livro

“Em nossa ansiedade, própria da aceleração da nossa época, estamos sempre querendo colher frutos antes da estação e, com isso, até prejudicamos a planta. Saber esperar até que algumas habilidades desenvolvidas amadureçam é o grande segredo de viver as fases da vida”. (p. 24)

 

- 3 instâncias do ser humano:

    - físico – biológica: parte corpórea visível e fisiológica

    - alma / psique: pensamento, sentimento e ação (querer).

       - neurosensorial – cabeça, pensar

        - coração e pulmões (organismo ritmico) – sentir

        - sistema metabólico/ locomotor – querer

     - espírito: relacionado ao eu (que é único, e expressa-se mediante o “destino”).

 0 a 21 anos: preparação para a vida

1º setênio – 0 a 7 anos – maturidade escolar. “O mundo é bom”

    -Encontro entre a parte espiritual e a parte biológica.

    - Reestruturação das substâncias e individuação somática

    - Proteínas formadas pela mãe têm que ser eliminadas. As doenças infantis são uma maneira de acelerar essa troca de substâncias (eruptivas = eliminação das substâncias em grande quantidade).

        - Doença autoimune = destruição das substâncias do corpo que deveriam ter sido eliminadas na infância.

    - Estruturação do sistema neurosensorial. Cabeça é a primeira que aponta no parto e que faz um esforço para erguer-se verticalmente; é onde organicamente somos mais maduros.

    - 4 sentidos corpóreos básicos:

        - tato: através do qual vive prazer ou desprazer

        - vital: bem ou mal-estar no corpo. Necessidade de ritmos bem distribuídos para que o espírito possa tomar parte do corpo.

        - movimento e equilíbrio: liberdade para se exercitar sem medo de cair e se levantar

 

    - “Nessa fase dos primeiros sete anos, a criança está aberta ao mundo, sendo toda ela órgão dos sentidos, e as impressões penetram em seu        interior sem nenhuma proteção, por todos os lados”. Por meio das relações com as pessoas a criança liga seu corpo ao mundo, sentido            esse como “bom” ou “ruim”.

    - Cuidados anímicos: calor, confiança e amor. Ensinar a criança a não confiar, mentir ou enganar, fazem com que ela crie uma desconfiança         em relação às outras pessoas.

    - Crança aprende por imitação a erguer-se, falar e pensar.

    - Aos 3 anos ocorre a maturação do sistema nervoso e a criança percebe que ela e o mundo são coisas diferentes.

    - O corpo se torna o instrumento adequado àquela individualidade quando ocorre a expulsão das células hereditárias mais duras do corpo       (dentes). Só aí a criança atinge a maturidade escolar e pode ser alfabetizada.

 

2º setênio – 7 a 14 anos – até a puberdade. “O mundo é belo”

    - Individuação do corpo vital

    - Orgãos do sistema ritmico (coração e pulmão) amadurecem, e esse ritmo está em conexão com o ritmo cósmico. Nesta fase, o mundo               chega a nós e podemos expandir-nos no mundo. TROCA.

    - Importância dos professores e da relação com eles para aprender a matéria

    - 1ª fase: pensar deve acordar de forma imaginativa (fábulas, lendas, etc).

    - O sistema ritmico é a sede do nosso sentir; os sentimentos podem ser ativados através das atividades artísticas.

    - Quando prevalece o autoritarismo e rigidez, invés de sentimentos de amor, o sentimento se fecha.

    - Construir um equilíbrio sadio emtre inspirar (interioridade) e expirar (mundo).

    - Vão se formando os costumes.

    - 9 anos: sentimento torna-se mais individual. Primeiros amores platônicos. Percebe as diferenças entre as relações de cada pessoa.

    - 9 a 12 – rituais, religiosidade.

    - 12 – crescimento rumo à adolescência. Menstruação, preocupação com o corpo.

    - Definição de temperamento. 4 elementos:

        - Colérico (fogo)

        - sanguíneo (ar)

        - fleumático (agua)

        - melancólico (terra)

    Todos temos os 4, com predominância de um deles. Importancia de harmonizar lado positivo e negativo em cada caso.

 

3º setênio 14 a 21 anos –maioridade. “O mundo é verdadeiro”

    - Modificações corporais que exigem adaptação; importância das atividades esportivas.

    - Separação do “celeste” (que impulsionará o autodesenvolvimento) e a separação entre homem e mulher (que impulsionará a busca pela            complementação no outro).

    - Encarnação processa-se num nível mais profundo; amadurecimento dos órgão sexuais.

    - Jovem passa a ser responsável pelo seu destino, tomando as próprias decisões. Individuação do corpo das emoções.

        - Corpo astral (forças interiorizadas dos sete planetas) fornece substratdo para a alma e produz uma visão de ser humano ideal (que cria           uma tensão com nossos instintos).

        - Ideal = projetar imagem do que gostaria de ser

        - perguntas sobre si mesmo e sobre o mundo. Diferenciar-se dos pais e da sociedade.

    - 18 ½ anos: nodo lunar (relação lua-sol semelhante ao nascimento). Vislumbramos um pouco a missão terrena.

    - Dinâmica de dentro para fora; vontade de modificar o mundo, sensação interna de solidão.

    - Vergonha porque nos tornamos mais visíveis ao mundo.

    - Busca pelo verdadeiro e autêntico

    - Liberdade externa (fazer coisas no mundo) e interna (respeitar a individualidade do outro).

        - espaço físico, anímico e espiritual (ser respeitado em sua escolha profissional).

    - Tipos planetários (que aparecem na adolescência e se superpõe ao temperamento).

 

21 a 42 anos: desenvolvimento anímico

    - Retomar e elaborar coisas do passado, colocar a mochila nas costas.

    - A vida é como uma pedra que vai se lapidando na relação com os outros.

    - Necessário rever normas que aprendemos na infância

    - Integrar coisas que não podemos mudar.

 

4º setênio 21 a 28 anos –maioridade. Alma da sensação / centauro

    - Enobrecimento do corpo astral.

    - Fase emotiva (altos e baixos); busca por posicionar-se no mundo. Idéias que devem ser trazidas à realidade.

    - EU quer aparecer e utiliza máscaras sociais para posicionar-se.

    - Biografia interna (o que queremos realizar) e externa (o que a vida exige de nós).

    - Independência dos pais (medo de não conseguir ser alguém na vida).

    - Experimentação, psicologicamente falando. Necessidade de poder errar para crescer. Experimentação profissional.

    - Autoeducação: tornar o humano mais objetivo (R. Steiner). Observação goetheanística.

 

5º setênio 28 a 35 anos –maioridade. Alma do intelecto e da índole.

    - 28 – crise dos talentos. Tudo o que “ganhamos” tem que ser reconquistado de dentro.

    - Será que estou fazendo o que é adequado? Assume responsabilidades.

    - Antes era um preparo para ser, agora é começar a atuar.

    - Intelecto (razão)e índole (coração) tem que ser integrados.

    - Relação de companherismo e não de dependência.

    - Inter-relação com o ambiente: ganhar experiência e abrir espaço para os outros.

    - Chegada do aspecto anímico –espiritual ao corpo.

    - 30 a 33: busca da espiritualidade. Morrer para nascer denovo.

    - Ouvir a voz interna para equilibrar biografia interna e externa.

 

6º setênio 35 a 42 anos –maioridade. Alma da consciência

    - declínio físico e consciência maior

    - SER mais do que TER

    - essência das coisas; o que sou realmente?

    - 38 anos: crise da autenticidade. Ser o que quer ser.

    - “O que tudo isso exige de mim paa que eu me modifique e transforme?” (Jung)

    - missão de vida: 2º nodo lunar (fica mais próximo do cosmos e de si mesmo).

    - 42: crise existencial. Atingimos uma nova visão. Como encontrar um novo patamar e encarar novas dimensões da vida?

 

NOTAR

 - Correpondencia entre eventos (de 0 a 31 ½ e de 63 a 31 ½ ou 0 a 21 e 42 a 21 ). Anotar sentimentos correspondentes a cada evento

- Perceber “ritmos” na biografia – anos de mudança.

 

Livro de visitas

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