Olga
Autor: Fernando Morais (1946 - ), jornalista e escritor brasileiro.
Gênero: Jornalismo literário
Ano: 1985

Foi minha avó quem me indicou este livro. Ela sempre foi apaixonada pela história brasileira e me disse que valia a pena conhecer a vida de Olga, mulher de Luis Carlos Prestes.
Olga Benário (1908-1942) foi uma mulher com força e determinação admiráveis (e sua importância vai muito além de seu papel como esposa de Prestes). Nasceu na Alemanha e com apenas quinze anos se juntou ao partido comunista, ainda que isso acarretasse em conflitos familiares. Morou em Berlim e depois na União Soviética, onde recebeu treinamento político-militar. Em 1934 foi enviada ao brasil com o objetivo de apoiar o Partido Comunista Brasileiro e proteger Luís Carlos Prestes, com o qual acabou se envolvendo.
Em 1936 ambos foram presos e Olga descobriu que estava grávida de Prestes. Isso não impediu que o governo Vargas a deportasse para a Alemanha, onde foi entregue aos nazistas e levada à prisão da Gestapo. Lá deu à luz a Anita Leocádia Prestes, que pôde permanecer com a mãe até os 14 meses, passando depois a ser cuidada pela avó e tia paternas. Olga foi executada aos 34 anos em uma câmara de gás.
Claro que senti uma imensa tristeza quando terminei de ler o livro. Queria imaginar que se tratasse apenas de uma ficção, já que é tão absurdo lembrar que (tantas!) pessoas foram torturadas e assasinadas como ela, por simples divergências políticas. Essa mulher, tão forte e que lutava por um mundo melhor morreu cedo, sem nunca ter visto sua filha e seu marido juntos.
Pesquisando mais sobre Olga descobri que sua história também foi retratada em um filme.
"Lutei pelo justo, pelo bom e pelo melhor do mundo". (Olga, em sua última carta, dirigida à Prestes e Anita).
Alguns trechos do livro
“Ela associava a idéia de casamento ao que considerava a pior deformação burguesa: a dependência econômica da mulher, o amor obrigatório, a convivência forçada.” (p. 36)
“Não nos casamos exatamente por isso: porque nos amamos. Eu jamais serei propriedade de alguém. “ (p. 36)
- ANL (Aliança Nacional Libertadora) - desde 30, 1º movimento político nacional, atingindo diversos setores sociais e políticos. Lutar contra o fascismo, o imperialismo, o subdesenvolvimento e os grandes latifúndios.
- Cúpula Comunista Mundial: Stalin, Manullski, Dimitrov, Mao Tse-Tung, Dolores Ibarrúri, Palmiro Togliatti e Bela Kuhn (+ Prestes)
- Na ANL não haviam apenas comunistas.
- Gestapo ajudou a polícia a prender os comunistas.
- 1935: revolta comunista. 27 de novembro: revolta. 3000 pessoas presas, só no Rio. 3250 detenções.
- Graciliano Ramos: veio com os presos que participaram da rebelião de Natal e Recife.
- Também chamavam os que fizeram a revolta de “extremistas”.
“Desbastado e polido por muitos séculos de civilização, guarda o homem ainda, sob a pompa verbal e a hipocrisia das maneiras, os instintos cavernários que desde a noite dos tempos lhe mostraram na companheira a escrava inerme, a serviço de seus prazeres e caprichos.” (p. 225)
“ A fábula de que a mulher é um enigma foi inventada precisamente para justificar as atrocidades da civilização masculina contra ela. Não há nada mais facilmente acessível que a alma da mulher. O homem, porém, finge não entende-la a fim de furtar-se a uma soma de enorme deveres para com ela.” (p. 225/226) - Heitor Lima (advogado)
- Frase do policial que escoltava Olga para entrega-la à Gestapo: “Sou um policial que não discute as ordens recebidas, a não ser que sejam absurdas.” (p. 233)
- Rosa Luxemburgo: heroína de Olga.
- Anita Leocádia Prestes: nome da filha de Olga e Prestes.
- Fábricas da Siemens, BMW, Mercedes, Volksvagen nos campos de concentração (mão de obra barata)
- Poema “Velhas árvores”, de Olavo Bilac - desejamos envelhecer sorrindo, como envelhecem as árvores fortes.
- Presos eram utilizados para experimentos médicos.
- 1945: fim da guerra (russos + norte americanos)
- Getúlio Vargas restabelece relações com os soviéticos.
- anistia dos presos políticos Prestes passa a apoias Getútio Vargas, causando polêmica no PC.
- Pablo Neruda recita poema em homenagem a Prestes.