Iberê Camargo

Onde: Centro Cultural Banco do Brasil (SP)
Quando: maio de 2014




















Expos
“A verdade da obra de arte é a expressão que ela nos transmite. Nada mais do que isso”
A exposição foi parte da homenagem feita ao artista em comemoração do centenário de seu nascimento.
O que primeiro me chamou a atenção foram algumas figuras humanas que pintou. Definitivamente elas causam um forte impacto, não só por seu peso mas por sua expressão de certa forma enigmática. As cores escuras denotam um ambiente de sofrimento, mas algo em sua expressão parece menos trágico.
Simpatizei com as bicicletas. Sendo uma amante do artefato, me interessou ver o que o autor fala sobre isso em seu texto "Gaveta dos guardados": “Entendo que a vida é uma caminhada. Os ciclistas de meus quadros são caminhantes no fundo, sem meta. São seres desnorteados. No andar do tempo, vão ficando as lembranças; os guardados vão se acomodando em nossas gavetas interiores. Como temos cicatrizes!"
Ao partir de um lugar em bicicleta, trem, ônibus (sem bilhete de volta), muitas vezes senti que deixava para atrás não só aquele espaço, mas também um tempo. Quando mais eu avançava na estrada mais o passado ficava para atrás e o presente se abria. Tantas outras vezes, ao me deparar com situações que fisgavam um pouco de passado, percebi o quanto ainda carregava de coisas que pensava terem se perdido pelo caminho.
Iberê fala daquilo que carregamos, das feridas, de um passado que é a chave para que possamos compreender o que estamos vivendo no presente. Ao mesmo tempo, parece algo sempre inalcançável. Como ele diz, “A percepção do real tem a concreteza, a realidade física, tangível. Mas como os instantes se sucedem feito tiquetaques do relógio, eles vão se transformando em passado, em memória, e isso é tão inarrável como um instante nos confins do tempo”.