Nasci e cresci em São Paulo, cidade onde morei até 2009, quando mudei para Buenos Aires, mas à qual sempre retornei alguns meses por ano. Apesar de ter passado grande parte da minha vida neste país, nunca pude afirmar com todas as letras "conheço o Brasil"; é verdade que todos os países possuem uma diversidade cultural e geográfica, mas parece que no Brasil tudo acontece em grande escala (mesmo em São Paulo, nunca deixo de me surpreender com partes da cidade que desconheço completamente).  

​

       Quando eu estudava, ainda se falava em "descobrimento do Brasil" e, por sorte, nos últimos anos este conceito foi sendo mudado, enfocando na cultura local que existia antes que os colonizadores aparecessem. Porém, às vezes parece difícil entrar em contato com esse Brasil pré-cabraliano (se é que existe esta expressão),  já que a influência dos diversos imigrantes fez com que a diversidade cultural esteja presente naquilo mesmo que constitui a raiz cultural do país. Desvendar os caminhos que nos levaram a ser o que somos hoje, enquanto país, é uma tarefa tanto árdua quanto prazeirosa.

​

      Em São Paulo, o centro da cidade tem passado por um processo de revitalização, valorizando construções como a Estação da Luz, e oferta cultural é o que não falta, para todos os gostos e bolsos. Em cidades como Itatiba (no interior do estado, a apenas 80 km da capital), o cenário muda bastante, enchendo-se de verde e de colinas. Na costa, existem as praias mais populosas e as que conservam um ar mais selvagem, como é o caso de Boiçucanga. Tanto o interior quanto a costa foram meus destinos quando algum feriado ou fim de semana me permitia viajar pelas proximidades em busca de um pouco de tranqulidade.

​

      No estado do Rio de Janeiro, pude conhecer a capital, que surpreende pela capacidade de misturar natureza e urbanização em um mesmo lugar. O mar em praias como Trindade e Ilha Grande é impressionante, assim como as trilhas que levam às diferentes praias ao redor.

​

    No estado de Minas Gerais, a areia e o mar dão lugar ao campo, às cachoeiras e ao doce de leite com queijo. Durante o período escolar, viajei para Ouro Preto e Mariana, cidades históricas onde pude conhecer mais sobre o período colonial (e até visitar uma antiga mina). Já no período universitário, quando tinha mais tempo para viajar, visitei cidades como Visconde de Mauá (fronteira Minas, São Paulo e Rio) e São Tomé das Letras, que conservam muito da cultura hippie no país. Já na divisa entre Minas e Bahia, pude conhecer o Parque Nacional Grande Sertão Veredas, cujo nome é uma homenage ao escritor João Guimarães Rosa.

​

      No nordeste do país, visitei Jericoacora, vilarejo perdido no meio da dunas ao qual só é possível chegar de ônibus ou de buggy e onde os frutos do mar saem a preço de banana (pelo menos era assim na época em que fui). Partindo para o sul do país conheci Garopaba, em Santa Catarina, destino de muitos turistas argentinos onde mar e montanha se unem. Também fiz uma viagem de 1 mês de carro, percorrendo a BR116 desde São Paulo até Porto Alegre, passando pelos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, onde conhecemos Curitiba e cidadezinhas de colonização alemã ou italiana, além de explorar a Serra Gaúcha, por terra e por água.

​

      Ansiosa por continuar desbravando o Brasil. agora também em sabores!

​