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Fagioli olle otenne - Caterina Bueno
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Toscana

2015 (1 semana)

      Depois de passar quase 2 meses viajando de bike, cruzei de barco desde Bastia (Corse) a Livorno. A bike precisava de muitos reparos e eu de um pouco de conforto, já que o verão tinha terminado e as chuvas e o frio começaram a ser maiores, me deixando incomodada (e com os sapatos constantemente molhados!).

      De Livorno tomei um trem diretamente a Arezzo, onde meu primo estava me esperando e fiquei hospedada na sua casa, em uma pequena cidade chamada Foiano della Chiana. Nos dias posteriores ele me levou para conhecer algumas cidades medievais, como Pienza, Montepulciano e Montalcino. No caminho entre uma e outra vi alguns vinhedos e colinas de tons de verde, marrom, amarelo ou vermelho,  dependendo do tipo de cultivo, paisagem característica da região.  Os dias estavam nublados e ele me disse que no verão as cores são muito mais vivas, o que faz da Toscana um lugar tão apaixonante.

      O universo gastronômico da região era vastíssimo: cada cidadezinha possuía seu tipo de pasta, de vinho e de iguarias, além dos pratos sazonais. Precisaria passar um ano inteiro por lá para conhecer todos! Antes de voltar para Barcelona decidi conhecer Firenze e através do couchsurfing consegui hospedagem em um lugar mais rural e tranquilo, afastado da cidade, o que me pareceu ideal. Meu anfitrião me levou para conhecer Firenze (que realmente é apaixonante) e Siena. Para terminar com chave de ouro, visitamos também umas águas termais, onde era possível repousar dentro de um rio de água morna no meio do bosque. 

      Apesar do dia chuvoso na partida, percorri um pouco Livorno antes de encarar a viagem para Barcelona e descobri que, à primeira vista, ela não parece tão atraente, mas possui lugares interessantes, como os pequenos canais que atravessam a cidade. Apesar da vontade de voltar para casa, tive um gostinho de conhecer o que a Toscana pode oferecer.

Em Livorno entrei em um sebo para procurar um livro que me acompanhasse nas 20 horas de viagem de volta a Barcelona. Por acaso encontrei esse (em português, "A trilha dos ninhos de aranha"), o primeiro de Ítalo Calvino, onde ele narra a guerra dos partigiani (movimento armado contra o fascismo na Itália) desde o ponto de vista de um garoto, ou seja, com uma ótica que pretende ser alheia a qualquer noção de ética ou ideologia. 

 

A relação que o protagonista estabelece com a guerra, segundo o autor, corresponde simbolicamente àquela que ele mesmo estabeleceu. Foi interessante para conhecer mais sobre Calvino, que é um dos meus autores preferidos, e para conectar mais com a História local. Imaginava a Itália tão bem conservada de hoje como o campo de batalha que um dia foi. Pensava nos tempos em que as pessoas lutavam com mais força porque a opressão e o oponente eram mais claros.

   Em homenagem ao livro, escolhi para a Toscana uma canção de Livorno do pós guerra. Nela,  é narrada a história de um homem que vai percorrendo a cidade à pé (já que não havia transporte) em busca de comida, passando por lugares onde antes haviam bons restaurantes e nos quais todos comiam bem, ricos e pobres.

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