Minha decisão de percorrer o Caminho de Santiago não  foi por motivos religiosos, mas de certa forma espirituais. Queria fazer uma viagem sozinha de bicicleta pela montanha e quando soube do Camino achei que seria uma boa opção (pela quantidade de peregrinos e infra-estrutura).

​

     Parti de Roncesvalles, a primeira cidade depois dos Pirineus (ainda não confiava na minha capacidade de atravessá-los). Caminhei nos primeiros dias até chegar a Pamplona, onde comprei a bike. O caminho todo era marcado por conchas estilizadas e percorrê-lo parecia uma brincadeira de caça ao tesouro. No percurso atravessei quatro Comunidades Autônomas da Espanha, cada uma bem diferente da outra.

​

NAVARRA: A capital é Pamplona, mas gostei mais das outras cidadezinhas do caminho, rodeadas de riachos e pontes romanas.

​

LA RIOJA: terra conhecida pelo vinho (ainda que essa D.O também inclua parte da Navarra e do País Basco). Na capital, Logroño, tive o privilégio de jantar em uma confraria junto com outros peregrinos, onde experimentei pela primeira vez a paella.

​

CASTILLA Y LEÓN: comunidade com diversas construções monumentais, como o Monastério de San Juan de Ortega, a Catedral de Burgos e a Catedral gótica de Astorga. Porém, o mais impressionante para mim foi ver os ENORMES ninhos que as cegonhas fazem nos telhados das igrejas.

​

GALÍCIA: há uma brusca e maravilhosa mudança ao entrar na Galícia, onde as cidadezinhas dão lugar a uma paisagem de bosques úmidos e casas rurais, dissipando uma certa magia no ar. Ao ouvir o galego me senti mais próxima do Brasil, já que é uma língua parecida com o português. Chegar a Santiago não foi como pensei que seria, talvez porque eu tenha sentido mais uma atmosfera de exploração turística que de reflexão espiritual ao redor. Decidi seguir para Finisterre (extremo ocidental da terra conhecida naqueles tempos). Foi  emocionante chegar ao km 0, ver aquele mar e escutar um gaiteiro tocando; neste momento senti que o caminho tinha realmente terminado.

​

​

​